A semana pode ter temporais em doze estados das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte; especialista fala sobre o perigo do descarte incorreto do lixo dentro e fora de casa
“A cada verão, as inundações se repetem. Trata-se de uma situação difícil de ser resolvida, já que toneladas de lixo vão parar nos bueiros todos os anos”
Enquanto as águas de março prometem “fechar” o verão – conforme diz a letra da música de Antonio Carlos Jobim, eternizada em seu dueto com Elis Regina -, janeiro se mostra um mês com fortes chuvas em grande parte do Brasil, graças, entre outros motivos, à instabilidade provocada pela ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico).
Cidades do Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e Tocantins amargam os desdobramentos de temporais desde a primeira semana do ano. Na Bahia, as tempestades atingiram, no mínimo, 850 mil pessoas, segundo levantamento da Defesa Civil, levando a, pelo menos, 26 vítimas fatais e 520 feridos. Mais de 90 mil cidadãos perderam suas casas, percentual que pode se estender com a chance de novas pancadas, conforme alerta do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
Gleison Pinheiro, diretor da PUMJIL, empresa que presta serviços de desentupidora de esgoto em São Paulo, assinala que as estações mais chuvosas do ano trazem à tona os alagamentos – problemas recorrentes nas grandes cidades, que poderiam ser mitigados se os bueiros não estivessem obstruídas por resíduos.
“A cada verão, as inundações se repetem, tanto nos principais centros urbanos, como no interior, levando sofrimento às pessoas mais carentes. Trata-se de uma situação difícil de ser resolvida, já que toneladas de lixo vão parar nos bueiros todos os anos”, afirma.
Em média, metade das cidades brasileiras despeja resíduos em depósitos irregulares, conforme dados de 2020 do Islu (Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana). Os indicadores mostram que mais de 17 milhões de brasileiros não têm acesso à coleta dos resíduos e que somente 4% de todo o lixo é reciclado.
“O fenômeno do descarte incorreto é um fator que contribui para o entupimento de redes pluviais, comprometendo as galerias e travando a saída de residências e condomínios, causando um efeito em cascata”, complementa.
Consumidores buscam serviços de desentupimento na web
O especialista explica que, na maioria das vezes, os entupimentos residenciais partem do descarte incorreto na própria moradia. “Os materiais se acumulam e impedem a passagem do esgoto nas tubulações. Como resultado do entupimento da rede, o esgoto pode retornar para dentro dos imóveis e, até mesmo, causar a ruptura das tubulações”.
Segundo Pinheiro, tão logo o problema aparece, as pessoas buscam uma desentupidora próxima em mecanismos de busca, como o Google. De modo efetivo, 80% dos brasileiros recorrem à ferramenta para procurar informações sobre empresas, sendo que, igualmente, 80% dos consumidores dão preferência a um produto ou serviço próximo de casa, segundo pesquisa realizada pela Provokers que coletou respostas de 1.025 brasileiros, com idades entre 18 e 64 anos.
De acordo com o diretor da PUMJIL, para atender às demandas, os negócios do segmento têm apostado em técnicas como o hidrojateamento e o sistema de videoinspeção, em que a desentupidora insere uma câmera filmadora nos tubos para entender a tubulação do cliente.
“Ano após ano, as empresas buscam técnicas para evitar qualquer tipo de ‘quebra-quebra’, com máquinas que utilizam jatos de alta pressão e empurram os detritos, favorecendo a limpeza dos canos entupidos e evitando o desgaste”, acrescenta.
Marco Legal do Saneamento Básico
Introduzido por meio da Lei nº 14.026/2020, o novo Marco Regulatório do Saneamento Básico traz, entre suas propostas, a meta do governo federal que determina que 99% da população deve ter acesso à água potável e que o tratamento e a coleta de esgoto deve chegar a 90% das residências até 2033.
Na avaliação do especialista, a aprovação pode melhorar as condições dos esgotos das cidades brasileiras e, nessa esteira, concorrer para que haja uma tabela de preços para as desentupidoras, que não devem cobrar de forma abusiva.
Ainda assim, prossegue, há um longo caminho a ser trilhado. “Para resolver problemas recorrentes como entupimentos e alagamentos, é necessário que haja a conscientização e o comprometimento de toda a sociedade, que deve ter um papel ativo junto às iniciativas públicas e privadas, cobrando e fiscalizando, sem deixar de lado sua responsabilidade individual, que tem um forte impacto para a coletividade”, conclui.
Para mais informações, basta acessar: https://pumjil.com.br/